quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Loucos
O cérebro
sangra
e desaba
em cataratas
vermelhas
Turvando a vista
a nada mais ver
e o tudo é nada
e um nada
a haver
Se me vestem
de branco
e me amarram
não perdi
a razão
.................
Loucos
todos que impedem
que arranque
ao próprio peito
o coração
Mui loucos
os que fazem
que inda deva
respirar
sem convulsão
E mais loucos
os que decidem
que não possa
extirpar
a inútil emoção
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
E tudo acaba em pizza
Ao vinho que embebeda
erga-se solene a taça
Alva toalha estendida
maculada na trapaça
Na consistência da massa
todas são pura farinha
Mérito de quem amassa
mãos firmes na cozinha
Salta uma à calabresa!
Lá vai picante lingüiça
Estas tiras com certeza
são escárnio da carniça
Anunciada patativa:
Atum! (mofada sardinha)
Enlatada és cativa
Solta-te, oh coitadinha!
Quatro queijos, tem parmesão
catupiri, provolone
Falta um? Ah, que distração!
Meta a boca no trombone!
Agora, a de coração!
Cacófato, desalinha
Estrebuche-se o glutão
co'a entranha da galinha
Ei, garção! Por gentileza!
Há quem goste de ver-du-ra
Vegetarianos à mesa
Festival da impostura
Chegando a de camarão!
Inspirando a rodada
Cabeças não mais rolarão
A vontade é saciada
Neste cardápio soberbo
Vale até a requentada
Poeta, digno teu verbo
D'uma bela espinafrada
Assim, de boca em boca
Rodízio da descarada
Cínica, a jura é oca
Em pizza tudo acaba
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Cronologia das Vacas
Vaca, fiel
Segue
Imune
Sagrada
Vaca-preta
Sorvo
Taça
Gelada
Vaca-louca
Tua
Carne
Contaminada
Vaca, louca
Bebeu
Água
Oxigenada
Segue
Imune
Sagrada
Vaca-preta
Sorvo
Taça
Gelada
Vaca-louca
Tua
Carne
Contaminada
Vaca, louca
Bebeu
Água
Oxigenada
sábado, 10 de novembro de 2007
Quero uma garota bem gótica
Quero uma garota bem gótica
Com saia e botina e crucifixo
Toda maquiada, bem exótica
Declamando um poema prolixo
Quero uma garota bem gótica
Vou agarrá-la pela cintura
Pô-la de quatro, bem erótica
Na laje de uma sepultura
Quero uma garota bem gótica
De coxas brancas, pretos pentelhos
Chupão visceral na carótida
Bimbar até ralar seus joelhos
Quero uma garota bem gótica
Teus cabelos serão o meu fulcro
O cio da loba neurótica
Uivando prazeres no sepulcro
Quero uma garota bem gótica
Tonta de vinho, podres arranjos
A morte é vida em outra ótica
E foda-se Augusto dos Anjos!
sábado, 27 de outubro de 2007
Percepções
Sentado
ouvindo a fumaça do cigarro
e o cheiro daquela velha música desbotada
Cansado
aparando luzes e chuvas na janela
e outras gotas mais salgadas
Absorto
mitigando fragmentos surdos
e arritmias do gosto que não será
Alucinado
detestando um telefone congelado
e a insensatez desses tais de anos-luz
ouvindo a fumaça do cigarro
e o cheiro daquela velha música desbotada
Cansado
aparando luzes e chuvas na janela
e outras gotas mais salgadas
Absorto
mitigando fragmentos surdos
e arritmias do gosto que não será
Alucinado
detestando um telefone congelado
e a insensatez desses tais de anos-luz
sábado, 6 de outubro de 2007
(De)votos
Votaram
lealdade partidária
no momento-infidelidade
tônico do senado
E nós
atônitos
diante do antagônico
bancando de engajados
só mugimos
feito gado
lealdade partidária
no momento-infidelidade
tônico do senado
E nós
atônitos
diante do antagônico
bancando de engajados
só mugimos
feito gado
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Telas
Vertem-se luzentes arremedos
Dos túneis ensombrados faíscam
E d'Alma vão à ponta dos dedos
Em Tintas outras o Plano riscam
Transmutando matizes ao Verso
Ilumina-me o Mestre da Tela
A paleta se faz Verve e terço
Sinergias em pálida aquarela
Inspirai-me, oh van Gogh, ainda
Em circulares versos pincelar
O retrato d'um Amor que finda
Que d'Amor, insanos, em tal senda
Enveredam idêntico trilhar
Vai-te Musa! Outra que m'acenda!
Dos túneis ensombrados faíscam
E d'Alma vão à ponta dos dedos
Em Tintas outras o Plano riscam
Transmutando matizes ao Verso
Ilumina-me o Mestre da Tela
A paleta se faz Verve e terço
Sinergias em pálida aquarela
Inspirai-me, oh van Gogh, ainda
Em circulares versos pincelar
O retrato d'um Amor que finda
Que d'Amor, insanos, em tal senda
Enveredam idêntico trilhar
Vai-te Musa! Outra que m'acenda!
domingo, 30 de setembro de 2007
Três Pontos Satânicos
Fé
"É tempo de purificação" — refletiu religiosamente o führer, enquanto contemplava as chaminés de Auschwitz desprenderem almas em direção aos céus...
Conhecimento
"Nada crio, tudo transformo" — concluiu agnosticamente o führer, enquanto contemplava as chaminés de Auschwitz imiscuírem holocáusticas partículas à atmosfera...
Arte
"Dissipai esta Raça, oh nefanda Fumaça!" — inspirou-se poeticamente o führer, enquanto contemplava as chaminés de Auschwitz declamarem o silêncio em unissonantes rimas...
"É tempo de purificação" — refletiu religiosamente o führer, enquanto contemplava as chaminés de Auschwitz desprenderem almas em direção aos céus...
Conhecimento
"Nada crio, tudo transformo" — concluiu agnosticamente o führer, enquanto contemplava as chaminés de Auschwitz imiscuírem holocáusticas partículas à atmosfera...
Arte
"Dissipai esta Raça, oh nefanda Fumaça!" — inspirou-se poeticamente o führer, enquanto contemplava as chaminés de Auschwitz declamarem o silêncio em unissonantes rimas...
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Incondicional
Quero da Hipocrisia os grilhões arrancar
que me acorrentam às catacumbas da Verdade
Lancinante se faz a dor ao dilacerar
a Alma torturada, o Desejo que invade
Foge-me às veias, esvai-se o sangue
até que o infame cálice transborde
Degusta, se embebeda, me torna exangue
o Senhor do Destino em insaciável sede
Já não basta ao poeta urdir o Verso
para assinalar sua amarga senda
Arvora num grito legítimo e terso
Incondicional, tramando a Lenda:
Prostrado suplico aos deuses do Olimpo
concedam-me absoluta Liberdade
Rogo o Poder de parar o meu Tempo
e te esperar na Eternidade
que me acorrentam às catacumbas da Verdade
Lancinante se faz a dor ao dilacerar
a Alma torturada, o Desejo que invade
Foge-me às veias, esvai-se o sangue
até que o infame cálice transborde
Degusta, se embebeda, me torna exangue
o Senhor do Destino em insaciável sede
Já não basta ao poeta urdir o Verso
para assinalar sua amarga senda
Arvora num grito legítimo e terso
Incondicional, tramando a Lenda:
Prostrado suplico aos deuses do Olimpo
concedam-me absoluta Liberdade
Rogo o Poder de parar o meu Tempo
e te esperar na Eternidade
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Quem Pode, Phode
Ao político, o povo cobra
Coitado, merece a propina
Subverter isto é ditadura
E, enquanto o povo se dobra
Nada mais justo, sem vaselina
Meta, Renan, sua pica dura
Coitado, merece a propina
Subverter isto é ditadura
E, enquanto o povo se dobra
Nada mais justo, sem vaselina
Meta, Renan, sua pica dura
domingo, 26 de agosto de 2007
Chuvas de Inverno
Esta chuva que desce sem cessar
Em mais um dia frio e distante
Roubando o Sol que me faz pensar:
Um astro me une ao teu quadrante
Chuvas de Inverno, descem e vão
Encharcando-me dos pés à fronte
Límpidas lágrimas de solidão
Colhidas, talvez, em tua fonte
Desçam à terra, águas de agosto
As plagas reguem do meu Inferno
Derribem um pranto em desgosto
Incontido nas chuvas d'Inverno
Em mais um dia frio e distante
Roubando o Sol que me faz pensar:
Um astro me une ao teu quadrante
Chuvas de Inverno, descem e vão
Encharcando-me dos pés à fronte
Límpidas lágrimas de solidão
Colhidas, talvez, em tua fonte
Desçam à terra, águas de agosto
As plagas reguem do meu Inferno
Derribem um pranto em desgosto
Incontido nas chuvas d'Inverno
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Jogos
A de boliche três furos tem
Dois a de bolão
É do jogo bolinar
Mas quando me convém
Com um só dedo da mão
Faço-te rolar
Dois a de bolão
É do jogo bolinar
Mas quando me convém
Com um só dedo da mão
Faço-te rolar
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
Em nome do Amor
Olhe minhas mãos... Olhe!
É o teu sangue que por elas escorre!
Estou hirto. Mortificado.
Em nome do Amor...
Teu corpo jazente.
Tua respiração convulsiva.
No olhar nem há medo. Desesperança.
Em nome do Amor...
Olhe minhas mãos... Olhe!
Mãos que te afagaram. Que te possuíram.
Agora ensangüentadas.
Em nome do Amor...
Por que não olhas minhas mãos?
Por que me olhas nos olhos?
Se já nada podes ver?
Em nome do Amor...
Olho minhas mãos.
Mãos assassinas. De ti?
Não. Passional ilusão!
Em nome do Amor...
É o teu sangue que por elas escorre!
Estou hirto. Mortificado.
Em nome do Amor...
Teu corpo jazente.
Tua respiração convulsiva.
No olhar nem há medo. Desesperança.
Em nome do Amor...
Olhe minhas mãos... Olhe!
Mãos que te afagaram. Que te possuíram.
Agora ensangüentadas.
Em nome do Amor...
Por que não olhas minhas mãos?
Por que me olhas nos olhos?
Se já nada podes ver?
Em nome do Amor...
Olho minhas mãos.
Mãos assassinas. De ti?
Não. Passional ilusão!
Em nome do Amor...
sábado, 4 de agosto de 2007
Iminente Naufrágio
a uma poetisa cearense
Por que m'encantas, sereia
das praias de Fortaleza?
És Amor de quem receia
jamais encontrar certeza
Teu olhar são entrelinhas
que as Cartas não indicam
Profundas águas marinhas
quais só Versos as arriscam
Se teu Canto aproxima
aos arrecifes da Paixão
espreito neles a Rima
Ao naufrágio iminente
singro, poeta-capitão
num Poema refrangente
Por que m'encantas, sereia
das praias de Fortaleza?
És Amor de quem receia
jamais encontrar certeza
Teu olhar são entrelinhas
que as Cartas não indicam
Profundas águas marinhas
quais só Versos as arriscam
Se teu Canto aproxima
aos arrecifes da Paixão
espreito neles a Rima
Ao naufrágio iminente
singro, poeta-capitão
num Poema refrangente
sexta-feira, 3 de agosto de 2007
Internáutica
Uma fêmea, donzela
atravessou a janela
da Internet, via tela
Não há minuto que passe
sem que eu lembre sua face
É paixão sem disfarce
Seu olhar é felino
desafia o meu tino
É amor intestino
Me esqueço da vida
E a quero atrevida
por inteiro despida
Na sua gíria me amarro
Viajo nesse esparro
e acendo um cigarro
Lhe desprende a fumaça
que no ar faz u'a graça:
seu espectro ela traça
Estaria eu plugado,
num amor desvairado,
resumido ao teclado?
atravessou a janela
da Internet, via tela
Não há minuto que passe
sem que eu lembre sua face
É paixão sem disfarce
Seu olhar é felino
desafia o meu tino
É amor intestino
Me esqueço da vida
E a quero atrevida
por inteiro despida
Na sua gíria me amarro
Viajo nesse esparro
e acendo um cigarro
Lhe desprende a fumaça
que no ar faz u'a graça:
seu espectro ela traça
Estaria eu plugado,
num amor desvairado,
resumido ao teclado?
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Epitáfio para um Amor
Aqui jaz, para sempre, o impróprio ente
Natimorto foi, pois que era impossível
Fria terra o acolhe ainda quente
Eterna saudade resta ao desprezível
Natimorto foi, pois que era impossível
Fria terra o acolhe ainda quente
Eterna saudade resta ao desprezível
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Tango
Provoca e foge
Na cintura
te alcanço
Se desvencilha
Te busco
e abraço
Com o olhar
te penetro
e devasso
Inútil fugir
Imponho
o compasso
É doce
o arfar
do teu cansaço
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