sábado, 19 de janeiro de 2013

Injusta Causa

(um cordel agauchado)

Quem vem lá do Pinhal
Em direção à Cidreira
Pela Reta desigual
Na altura da madeireira
Mais três quadras avance
E dobre na Casa dos Monstros
Até que o Mar alcance
Ali é via de encontros
Do veranista e do morador
Da moça dourada e do ambulante
Do violeiro, do pescador
E do gaudério itinerante

Foi lá que se deu o fato
O terrível incidente
Alguém pagou o pato
Por denúncia improcedente
Quem não doma seu ato
Afeta o meio-ambiente

Veio polícia, autoridade
Trator e caminhão
Sem a menor piedade
Pelaram todo o chão
Dane-se a Comunidade
Que recupera tudo em vão

Arranca toco, paliçada
Bandeirola, demarcação
Feitos com Arte abençoada
Paciência e dedicação
Por um Homem que é exemplo
Na faina da Preservação
Das areias fez seu Templo
Manejando o Cordão
Sem cargo e sem salário
E sem gastar um tostão

É nessas horas que penso:
Pra quê Governo, minha gente?
Pois o valo corre intenso
Poluindo o Ambiente
Neste valor invertido
A Língua é que morde o dente
O Lobo travestido
É o principal poluente

Mas lá no Palácio das Plumas
Dos paetês e dos vidrilhos
Pouco se importam com as dunas
Com tuco-tucos ou sarilhos
Bastou um canetaço
Daquele importante agente
Que a Praia virou um bagaço
E o tal nem se fez presente

Seu Luiz, que não é Santo
Mas fez um pequeno milagre
Uma coisa eu garanto
Honra o Vinho, despreza vinagre
De Tenaz incansável
Faz História este vivente
E para registro inefável
Assino este verso imprudente