quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Requerimento

                 Jarbas Silibim, nome de fantasia “Sofazão do Camarada Jarbanski”, vem, mui resputosamente, requerer a circuncisão do seu negócio nesta Jumenta Comercial.

                 Para tanto, declara nunca ter sido fichado, graças ao bom deus e à amizade do delegado Silveirinha.

                 Roga, ainda, se possível, apressamento no despacho, já colocando à disposição dos senhores vogais livre acesso ao nosso modesto suíngue, onde serão muito bem recebidos por limpinhas consoantes.

                 Sem mais-mais,

                                 N.T.

                                 P.D.

                                 Cacimbinhas, 29 de outubro de 2009

                                 (assinatura ilegível)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Perfunctório

                 Ah, pensará o querido leitor, lá vem a excentricidade vocabular! Uma outra ainda dirá: enfim, consulta dicionários. Sim, minha cara, eu, vez maneira, perlustro léxicos. No minifúndio feito estante, ao que muxibentas carnes percorrem, existe, até, um Lello Universal. Donde se criva o madraçal, patíbulo que antecede o tosco madeiro.

                 Deixemos que esta airada verborréia se esparza e vamos ao que cumpre. Ao fulcro. Ao cerne. De que adianta me valer de tretas, se não me avenho, todavia, com as Letras? Penso. Respondo-me: és, de graça e por desgraça, um efeito perfunctório. De fato, peremptório flato.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Teorias Supositórias

                 O palco concentrou à meia-luz, anil convergindo ao rufo. A equipe viria com uma formação escalafobética – rígida, porém: no arco, um baita tamborzão; corpos dobrados em linha defensiva; reforçado serviço de meio, com um címbalo volante; e, adiantado, serelepe quarteto, gracilidade feminil no tabaque. Isto, sim, à genuidade, é o que se poderia chamar de misto a um time. Não faltara torcida. Que já bem se organizava, no transcorrer, tocando flautas, parecendo invadir. O estádio Jô Soares silenciou: desabaria, esfuziante, centenário placar de palmas. Merecido, e muito, pelo taiko.

                 ...

                 Num istmo de pedras luzidias, o pensamento escorreu, falsa-baiana, às ladeiras. Antes do derradeiro embate zerado e antes, ainda, daquele fiasco pró-boliviano, a Seleção escorraçara, festejada a Olodunga. Deletério, enxerguei milenares olhinhos enviesados por trás de um cafuzo sincretismo de batuques. Não é isso. Se fosse, a Copa seria, sempre, amarela, jamais canarinha. Mas, entenda-me, meu caro Zangalo: o que cala são as cores da alma. Não esse branco de neve, que, quando muito, não passa de um pastel. Até 2010. Atchim.

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Livremente inspirado no vídeo sugerido por este tópico:

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Puteiro Amado, Brasil!

(historieta hipodidática)



                 De primeiro, chegaram uns pleibóis, com suas caravelas tunadas. Foderam com a mata. Foderam com as índias. Foderam com tudo. Pagavam em miçangas e se estabeleceram, mui dignos rufiões. O turismo sexual ia bem, logo atraindo franceses e holandeses.

                 Esta diversificação da clientela meio que complicara a vida mansa. Pois, pois, engenhosos gigolôs resolveriam. Correram a surripiar novas carnes, lá de Mamma África. Articulou-se, assim, por um bom tempo, a questão: davam-lhes a cana a chupar, enquanto, concomitante, assoviava a chibata.

                 Eis que, nas tardes, não tendo com o que se ocupar, a nada bela Isabel deixara se rasgar por um mulato. Relações irrompidas, nasceria o samba. Daí foi um pulo pro Deodoro rebatizar o prostíbulo. A inglesada já viria contrabandear seu uísque e até uns austríacos meteriam ferro na estrada.

                 Casa de tolerância que se preze há que pagar propina. Quem desafiaria velhos xerifes do oeste, se é assim que se mantém a ordem? O progresso ficou por conta de um cafetão, que não gostava de praia; resolvera iluminar o altiplano.

                 Mas a luminescência tomou cores. "Nada de luz vermelha!" - bradaram fardados ciúmes. Gramofones e eletrolas ficariam proibidos de executar o róqu'enróu. Período monótono, em que o randevu limitou-se a rolar em colchões suíços.

                 De repente, a calmaria se alvoroçou com um tropel mirando abertura, sem, entretanto, descuidar da reta guarda. O cabaré foi ganhando segurança, providenciais saídas aos fundos. De fogo, extintores da língua, tipo ABC.

                 Dilma-me uma coisa, sem retumbar: é ou não esplêndido esse dossel? Entre outras mil, mal ou mel, és tu, Bordel.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Bucetão, Substantivo Masculino

(e pra não dizerem que evoquei o ânus)

                 Não irei praticar a hipocrisia barata e negar que, em outros tempos, alimentei vaidades de escriba. A mediocridade da expressão se incumbiu de abortar o suposto direito. De que valeria mais uma puta sem alma na quadra? Mais um pedaço de carne, com dentes cariados e unhas encravadas, vendendo a contaminada flora vaginal? Ainda que ela frequentasse academias e luxuosas boates, não passaria de um buraco esporreado.

                 Ninguém quereria radiografar o infausto lustro ou diagnosticar neuroses gramaticais. É tão fácil abrir as pernas e gemer, estimular com frívolas artimanhas. Não queiram me execrar quando trago, a cabresto, os vícios da masculinidade, se é destas vísceras que extraio a vastidão feminina. Não, não me interpretem mal, não estou em busca da sedução. Isto seria recair na vulgaridade. Careço muito mais. Escalavrar a buceta e me sentir a vadia, a vagabunda, a quenga. Deus acolha aqueles que acaso me leiam homossexual, pois, dos celestiais, é o reino da inocência.

                 Livro? Evito foder em público quando posso me publicar entre sete paredes, me desanuviar no mato.

                 Puta que o pariu, parei por aqui, porque tem dois sabiás me apupando: I hate you! I hate you! I hate you! Vão se danar, seus poucamerdas! Fodam-se, nem nunca li Kant, vivo me contradizendo, ouço vozes e, aprovem ou não, hoje sugarei um útero. Até sangrar.

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N.A. - Bucetão e buceta: grafia autofacultativa.

sábado, 3 de outubro de 2009

Primeira Vez

                 A primeira vez nunca será a melhor. Poderá conter brutalidade, desconforto. Ou não. Mas prevalecerá a memória do inusitado, dos anseios confluindo. Talvez a naturalidade casual seja preferível à premeditação. Haverá alguma hesitação, em que o fluxo sanguíneo se incumba de dar vazão.

                 ...

                 Sentindo a pressão na virilha, deslizou os dedos pelo volume. Puxou, açodadamente, por cima da cintura e, em vias de consumar, esganiçou: "— Perdeu!"