sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Nasce um Imperador

                 O atravessador de propriedades me pôs num divã, projetando Seychelles e outras pasárgadas. Havia um arquipélago órfão de arretos comerciais. Bastava demonstrar uma certa comoção para com piratas. Politicamente interessante, pensei. Ao cabo de uma semana, sobrevoaria.

                 Recebidos em palácio, apressou-se majestoso e frugal repasto. O pulha-em-chefe observava negociações via eme-ésse-ene. Negativas, ultimatos, e meu alheamento lambuzado por um caqui. Seu polegar para baixo, meu dedo em riste. Tensão. Navios sucumbindo, apontei-lhe variedade achocolatada que bem se daria em tal reino. Nervosas, as matracas já não me perfurariam. Apontadas para o celestial, espocaram festivos augúrios.

                 Convocou ministro, oficializaram-me posseiro. Abri a valise, retirando três polpudas cuecas. Intrigado, hilarizou:

                 — Mas não é que és brasileiro?

                 Mandou mucamas contarem. Em risinhos, se incumbiram. Cada esvaziada, esbofeteavam-se pelo souvenir. Sexo implícito, crime explícito — eis as delícias de um conto.

                 A sonolência da volta não me conteve reler escritura. Inconformou-me aquele Ministério da I. e Comércio. Acorri ao corretor:

                 — Por que desta chancela abreviada?

                 — Problema é que eles não têm indústria. Copiaram, deu nisso.

                 Satisfeito, liguei para um maiâmico dealer, encomendando dúzias de embalagens nitrogenadas. Custavam menos que na fonte. De quebra, chegariam vermelhamente exultantes. Saborearia, assim, preliminares salvaguardas de estadista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário