Gosto de ser suspeito. Pessoas suspeitas são constantes, não causam surpresa. Estão acima de juízos porque já trazem, em si, algo condenável. Ninguém sabe, ao certo. Mas, dirão, é certo.
A suspeição recomenda que os dois pés fiquem atrás. Indivíduos com esta pecha gozam de uma popularidade sem alarde. A possibilidade de um flagrante, de um indício, converge.
Manter uma aura duvidosa proporciona respeito e um distanciamento salutar. As portas se abrem com redobrados cuidados e ninguém lhes pede dinheiro. Ah, e quando fazem uso do instrumento vocal, o ambiente amplia a diversidade acústica. É como se lograssem ouvir o canto do uirapuru no bico de um curió.
Um bom suspeito deve saber inspirar desconfianças, com calma e método. Olhar pelos cantos, não pagar em cheque ou com notas amassadas e nunca parar para acender um cigarro. Nem para conferir o restaurante que acabou de explodir.
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