Menos arredio ao que represente a controvérsia do inexplicável, desguarneço as seteiras do castelo das ideias. Diante desta impressão, a imparidade da expressão só me parece comparável às fragrâncias da saudade.
Ao sarro que se deposita no fundo da garrafa da existência não se concedem méritos. É dos matizes e notas se oxidando, entregando-se ao fruir deletério, a essência do olvidar.
O etéreo ao etéreo pertence. Rasgando o córtex, aquele douto investigador das tessituras e dos fisiologismos é que não deslindará o intangível. Terá, por sinistro, amputado o próprio destro. Quão cega perscrutaria esta lâmina.
O inolvidável está no pigmento que sussurra além das fragilidades da tela. Não a sombra, que se projeta a posteriori, fugidia. Autoiluminado, é visão que precederá, se redesenhando.
Recostado ao espaldar quimérico, transcendo a sentinela dos sentidos. Subo à torre. O sentir ultrapassa o fosso do inexplicável e, remanescidos, recolho perfumes de flamboiãs, frêmitos de trigais, aquarelas crepusculares. O balouçar de algum véu, talvez. Dos ventos e das venturas, eis, a mim, o inolvidável.
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