Que nome perfeito
tem até cinco letras
Nem tentes
me inscrever
ao teu Pentagrama
Pois do meu
sobra uma
E ao Amor
falta
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
sábado, 25 de outubro de 2008
Exercício Para Um Não
Sexta-feira, prédio evacuado. Sala em penumbra, a janela hipnotiza. Do poste pende feixe misturando azuis, verdes e sombras. Paisagem muda. Fina, a garoa se agarra aos fios, cristalizando gotas. Vão se enfileirando, vão se empurrando. Até o trem despencar.
Seduzido por movimentos sutis nesse notívago vazio, rosto parece querer trespassar vidro. Nódoas embaciadas, preguiça e desalento. Cheirando a carpete-mogno-alcatrão. Bastaria mínima atitude, descer degraus, abrir porta de carro, ligar motor. Não. Essa expectativa do que não será ou do que é mas poderia não ser só exerce fascínio, por inevitável, sendo sadomasoquista.
Não. Hoje, não.
domingo, 19 de outubro de 2008
Nota de Engrandecimento
O Movimento de Proteção aos Animais Vítimas de Seqüestro vem, a público, enaltecer o denodo, a perseverança, o preparo e a sabedoria demonstrados pelos atores da segurança pública na condução das ações e na subseqüente bem-sucedida resolução.
Mês das Crianças, 2008
Mês das Crianças, 2008
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
À Nave Espacial
Oh Nave, Nave Espacial
Perdoa o nosso mal
Se fomos ao fundo do poço
Em falso pecado original
Deverias saber, afinal
Que somos mais carne que osso
O que será desta vez?
Um milharal? Um canavial?
Ou a floresta de cannabis?
Ah, minha cara Nave Espacial
Abduzo-me na embriaguez
Se bem ou mal e assim o sabes
Hás de mo dizer quo vadis
Ao teu bento nome Alabama
McCain daria tanto poder?
Obama, Osama ou quem chama
Navegas ou desandas beber?
Teu destino é outro portal
É mais pra lá de Bagdah
Pras bandas do Afeganistão
Segue, pois, luz ancestral
E não confundas esta barba
Co'aquela do Bin-de-plantão
Em paz, me deixe, por fim
Com meus parcos contatos
Da bodega ao botequim
Ou do truncado eme-esse-ene
Se não te pareço celestial
Descuidando demais imediatos
Vivência que vai trivial
Porquanto me baste é perene
Desculpe-me se não combino
Os triângulos das bermudas
Com redundâncias popozudas
No desalinho do prêt-à-porter
Malgrado pobre figurino
Faça concupiscente moda
Mentes bundalizadas em roda
Que vistam a moral do ET
Perdoa o nosso mal
Se fomos ao fundo do poço
Em falso pecado original
Deverias saber, afinal
Que somos mais carne que osso
O que será desta vez?
Um milharal? Um canavial?
Ou a floresta de cannabis?
Ah, minha cara Nave Espacial
Abduzo-me na embriaguez
Se bem ou mal e assim o sabes
Hás de mo dizer quo vadis
Ao teu bento nome Alabama
McCain daria tanto poder?
Obama, Osama ou quem chama
Navegas ou desandas beber?
Teu destino é outro portal
É mais pra lá de Bagdah
Pras bandas do Afeganistão
Segue, pois, luz ancestral
E não confundas esta barba
Co'aquela do Bin-de-plantão
Em paz, me deixe, por fim
Com meus parcos contatos
Da bodega ao botequim
Ou do truncado eme-esse-ene
Se não te pareço celestial
Descuidando demais imediatos
Vivência que vai trivial
Porquanto me baste é perene
Desculpe-me se não combino
Os triângulos das bermudas
Com redundâncias popozudas
No desalinho do prêt-à-porter
Malgrado pobre figurino
Faça concupiscente moda
Mentes bundalizadas em roda
Que vistam a moral do ET
domingo, 12 de outubro de 2008
O Massa é Massa
Compensou desrespeitar horário para espiar Fórmula Um na madrugada das crianças. Felipe ganhou? Não. Pontuou mais que Hamilton? Não, também. Mas, então, o que teria assim valido, afinal? Posso responder, sem me arrepender: um ponto.
Limiar de campeonato escancara. Contam-se duas provas. Sete pontos diminuiriam Massa do bom moço britânico.
Início do certame, pole Lewis, mui distante da fleuma, pleiboizinho, vacila. Punição. Felipe, por vez, força curva e comete a sua. Punição.
Prova anda, estandarte espanhol acenando. Quem fora primeiro, décimo-terceiro. Nosso cavaleiro, uma antes. Felipe esporeia, dá de banda, atropela cocheira, raspa cerca. A bazófia do asfalto vai calando-se com a borracha daquela gana vermelha. No derradeiro da campanha, arremete lança, confiscando único e possível ponto — honraria as armas quais empunha. Lewis, zerado, fica para o chá das cinco.
O torneio culminará em raia brasileira. Pode dar não certo e quebrar pata e romper sela e bicho adoecer e o que mais queira infausta sorte. Contudo, podemos encher boca e suprir timidez de narrador: — Sai da frente que lá vem Massa!
Cumpra-se, por fim, paradigma, e da aceleração do Massa que resulte esse F.
Limiar de campeonato escancara. Contam-se duas provas. Sete pontos diminuiriam Massa do bom moço britânico.
Início do certame, pole Lewis, mui distante da fleuma, pleiboizinho, vacila. Punição. Felipe, por vez, força curva e comete a sua. Punição.
Prova anda, estandarte espanhol acenando. Quem fora primeiro, décimo-terceiro. Nosso cavaleiro, uma antes. Felipe esporeia, dá de banda, atropela cocheira, raspa cerca. A bazófia do asfalto vai calando-se com a borracha daquela gana vermelha. No derradeiro da campanha, arremete lança, confiscando único e possível ponto — honraria as armas quais empunha. Lewis, zerado, fica para o chá das cinco.
O torneio culminará em raia brasileira. Pode dar não certo e quebrar pata e romper sela e bicho adoecer e o que mais queira infausta sorte. Contudo, podemos encher boca e suprir timidez de narrador: — Sai da frente que lá vem Massa!
Cumpra-se, por fim, paradigma, e da aceleração do Massa que resulte esse F.
sábado, 11 de outubro de 2008
Orchukrut mit Wurst und Kartoffel
Entre pasmos e espasmos, insustentável leveza levou. Sublimaram bytes, pixels & twips (isto bem batizaria uma banda indie), para lugar nenhum. Para todo lo siempre.
Saudades restam. Ou alívio. Enquadro-me na segunda, pois que há muito só encher lingüiças, mesmo, perfazia. Assola-me Chronos, rastejo absolvição. Inexorável remédio, a cronicidade curou perceber ramas quais prenhes batatinhas ainda espalhariam ao solo.
...
Sento-me à mesa mesma. Fixo ao cardápio, um post-it alerta prato-do-dia: "Sauerkraut mit Wurst und Kartoffel". Premendo olhos, aspiro última baforada e, rindo sozinho, descarto guimba porta afora. Pois não é que aquela mesma alma adestrada, lá da banda direita do Sena, adivinhara meu Underberg? Num arrastado sotaque dídero-nietzschiano, arremeda:
— Patades frides?
Escárnio ao cardápio, em desvão, assinto.
...
Ah, a propósito — e para quem ainda nem desconfiava — o tal chukrut é feito do repolho na sua primordial decomposição. Tal requinte também se empresta a afamado filé, lá da terrinha dos gauleses. Nada de novo na barbárie, portanto.
Saudades restam. Ou alívio. Enquadro-me na segunda, pois que há muito só encher lingüiças, mesmo, perfazia. Assola-me Chronos, rastejo absolvição. Inexorável remédio, a cronicidade curou perceber ramas quais prenhes batatinhas ainda espalhariam ao solo.
...
Sento-me à mesa mesma. Fixo ao cardápio, um post-it alerta prato-do-dia: "Sauerkraut mit Wurst und Kartoffel". Premendo olhos, aspiro última baforada e, rindo sozinho, descarto guimba porta afora. Pois não é que aquela mesma alma adestrada, lá da banda direita do Sena, adivinhara meu Underberg? Num arrastado sotaque dídero-nietzschiano, arremeda:
— Patades frides?
Escárnio ao cardápio, em desvão, assinto.
...
Ah, a propósito — e para quem ainda nem desconfiava — o tal chukrut é feito do repolho na sua primordial decomposição. Tal requinte também se empresta a afamado filé, lá da terrinha dos gauleses. Nada de novo na barbárie, portanto.
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