Sexta-feira, prédio evacuado. Sala em penumbra, a janela hipnotiza. Do poste pende feixe misturando azuis, verdes e sombras. Paisagem muda. Fina, a garoa se agarra aos fios, cristalizando gotas. Vão se enfileirando, vão se empurrando. Até o trem despencar.
Seduzido por movimentos sutis nesse notívago vazio, rosto parece querer trespassar vidro. Nódoas embaciadas, preguiça e desalento. Cheirando a carpete-mogno-alcatrão. Bastaria mínima atitude, descer degraus, abrir porta de carro, ligar motor. Não. Essa expectativa do que não será ou do que é mas poderia não ser só exerce fascínio, por inevitável, sendo sadomasoquista.
Não. Hoje, não.
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