"A torrente desceu." Confesso que gosto desta frase, escrita há algum tempo. Ela me perfaz sintomático. Quando, enfim, os açoites do calor cessaram com a benfazeja enxurrada, neste sábado, ela desentranhou-se, com ares referenciais. Então percebi que já escrevera tudo o que a tacanha alma de mim quereria.
Estou contido e contenho. A mão fraqueja em sintonia com a corpórea organização.
Raramente manuscrevo. Face à iminente queda de energia, me antecipei. O pó acumulado nos cantos, o lençol amarfanhado e o relógio de parede, que jaz desprestigiado ao rodapé, são bandeiras e signos. Faltam exatos onze dias para rocar as minhas torres num enxadrismo de regras próprias. 2015 é vermelho. Vermelho sobre alvo fundo infinito. Estou apto para a quarta encarnação.
O braço pende e, na extremidade, a caneta se suspende. Negligentemente. Como é horrível e tedioso o som desta palavra. Se ainda o fosse em francês...
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