Ao apertar as teclas, quais ora me transmito, cometo a bufa. Saberá, quem me lê, com que parte do corpo, acaso, as imprimo? Pior, e se não do meu próprio? Que impolidez! Quanta rudeza...
É certo e acertado terem me submetido ao grafite. Aos primeiros manuscritos, do bestial beabá, dos ditados de Dona Candinha, o papel ofendido bem podia se defender. Fazia-me confessar em aparas, mazela a exigir nova ponta.
Caneta? Tal privilégio era só concedido ao cabo de alguma perícia, quando a ação já se interpunha, em tempos de fazer sentido, entreverando um sujeito qualquer ao diretíssimo objeto. Sem que antes, claro, se soubesse delinear e inscrever a clave de E naquela claustrofóbica pauta de três linhas. Será por isso, meu Deus, que a deusa Cali tem tantas mãos?
Deus não responde e o Diabo se incumbe de me armar com uma cânula cristalina, feita do maldito sangue que jorra no Golfo. Com ela, afronto Machados e assassino Pessoas, apondo um borrão.
Oh, Pena, que bebeistão somente e amena
a gota necessária
que se equilibra
precária e urgente
Vossa Sina é doar-se
à fibra da mão qualquer
que, reta, vos dissolverá
nas asperezas da rotina
Não preferiríeis, antes
– pensai e resolvei –
as tortas vias do Poeta?