De costas para a cama, eu fracionava momentos através das teclas, como se os houvesse em receios de esvanecer. Ou só querendo nutrir neuroses colecionadoras.
A cama, ampla, na estrutura e nos sentidos, bem no seu meio retinha a nudez, e bem no meio dessa nudez um rego dividia-me, múltiplo. Toda aquela indolência se comprazendo, por entre as arreganhadas capas, com cada página desvirginizada. Ela adorava ler. Ler e ser.
Bastava um giro na cadeira para que eu desfrutasse. Mas não cabiam essas banalidades. O reflexo na tela era o tanto necessário, o quantum satis do que nos tornava sutis — jogo roubado, regras proscritas. Eu gostava disso. Desse senso absoluto daquilo que se possa desentender e que alguns insistem prender em uma só palavra. Liberdade?
Do nada, eu cuspo na tela; cuspo em mim mesmo, cuspo na minha insuficiência. Cuspo na presunção. Num átimo irascível, me torço. Alavanco-me e faço a cadeira ceder espaço, impelida por sobre os rodízios. Do mesmo nada me lanço, esquálido bote que redundará em risadas. Fatoriais risadas, infrações divididas.
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