Me preparava para copular azul a sereia-de-piscina, quando vago sonido de campainha, de celular, ou sei lá do que, tointointointoim...
... pempempempem, ponta de chave batendo no metal era.
Zonzo, pau-duro, sem saber para qual lado da cama, catando chinelos, bermudas, saltei. Voz de boca-colada, grunhi um "peraí, já vai!", indo desaguar o amarelo, mijado com escassa pontaria, na brancura do vale de louça.
O vidro canelado da porta refrangia mosaico de formas deliciosamente conhecidas. Taquicardíaco, apressei abri-la. Aquele rangido me alcaguetava. À vizinhança. E à gatunagem. O código é mais ou menos assim: um rangido, ele acordou; um rangido e tilintar da corrente do portão, foi comprar cigarros; dois rangidos e o tilintar, foi à lan; dois rangidos e duplo tilintar: ladrões, a postos!
– Queria incomodar, não. Desculpe.
– Capaz! Tinha, mesmo, que...
Flagrantemente apressurado, tentando imitar calma, e ela, ali, mal sabendo-se a sereia da piscina. Ou totalmente sabendo. Claro que sabia...
Afastei cadeira da mesa, sentou-se.
– Passar um pretinho pra nós.
– Pra ti.
Merda, não curo essa imprestável prestimosidade! Ela detestava café.
– Sei. Mas tem suco, aí na geladeira.
– Tá bom. Quero nada, não. Só vim testar as chaves.
Antes que imbecilidade assumisse, voei para o rádio, olhar me rondando. Por mais que tentasse acompanhar pensamentos, a câmera era lenta. Quarto inundado por Elis entoando Black is Beautiful, delicadamente escamei seu vestido.