O pescador tirou o barco. E a rede. E o peixe.
O peixe vendeu. O peixe sobrou. O peixe perdeu.
O governo interveio. E veio. A máquina – fabulosa máquina de fazer gelo.
O pescador sorriu. Era imensa a máquina. Parecia-se com a caixa-forte do Tio Patinhas.
O pescador, maravilhado, viu a máquina despejar montanhas de lascas de gelo.
O pescador se conteve. Quereria mergulhar naquelas lascas, uma fortuna em moedas de gelo.
Mas o gelo era frio. Era molhado e escorregadio. Era mais duro que moedas, e afiado de cortar a alma.
O pescador partiu. Tirou o peixe, a rede, o barco.
As moedas derreteram. Sumiram pela fresta das areias.
O pescador vendeu.
Sobrou.
Perdeu.