sábado, 18 de dezembro de 2010
Auto de Natal
José seguiu o cometa
Nada de novo no drama
Trocou o pó pela lama
O jegue pelo trem
José não é ninguém
Nem nunca será
Nas noites de saravá
Se afoga na marafa
José bom de tarrafa
Ainda pesca estrelas
Quisera assim retê-las
No palco da jangada
José veio do nada
Do nada também veio o dia
Que à noite lhe trouxe Maria
E ao barraco alguma cortina
José nem imagina
Que os fogos da favela
Anunciam outra mazela
Da inocência parida
José quer outra vida
Ajoelha, acende vela
Essa pálida aquarela
De longe inspira magia
É José mais Maria
O zinco fazendo presépio
Um irônico obséquio
Da solércia do destino
José, ex-nordestino
Não crê em seres alados
Com o oitão municiado
Dá busca ao desafeto
José, carioca sem-teto
Despeja a fúria em dolo
Na traição não há consolo
Que habite este planeta
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